José Carlos Ribeiro é Engenheiro Agrônomo e Mestre em Economia Rural. Foi responsável pelo Programa de Valorização da Cachaça em Minas Gerais e a partir do ano 1982, deu início aos trabalhos para criação da AMPAQ. Merece destaque na sua iniciativa em 1990 na implantação do Programa de Garantia de Qualidade da Cachaça Mineira-Selo de Garantia AMPAQ e em 1995 na implantação dos Cursos de Produção de Cachaça de Qualidade. Deu início em Minas Gerais a uma nova era na implantação de novas fabricas de cachaça, onde o empirismo foi substituído pela elaboração de projetos técnicos com elevado nível de embasamento tecnológico.
A história da Aguardente de Cana em seus primórdios apresenta várias versões, após a descoberta do Brasil no ano de 1500 pelos portugueses. É importante salientar que estes, já dominavam as técnicas de fermentação e de destilação em alambiques de cobre. Cultivavam a cana–de-açúcar em várias de suas colônias e a trouxeram para o nosso território, logo nos primeiros trinta anos de sua colonização.
Até 21 de dezembro de 2001, era proibido o uso do nome “cachaça” para designar a nossa genuína bebida, feita da fermentação do caldo de cana e posterior destilação de seu vinho. Foi a partir desta data que o governo brasileiro reconheceu o nome cachaça como legítimo, o definindo como vocábulo de origem e uso exclusivamente brasileiros, constituindo uma indicação geográfica para as negociações no comércio internacional.
Nossa cachaça até a década de 1980 era uma bebida marginalizada, sem os apoios efetivos dos órgãos de pesquisa, assistência técnica e creditícia.
Foi a partir do Programa de Valorização da Cachaça, criado pelo INDI – Instituto de Desenvolvimento Industrial de Minas Gerais, que novos rumos foram tomados, dentro de uma base tecnológica sólida e efetiva.
Iniciou com a realização do primeiro diagnóstico do setor, intitulado “Aguardente em Minas Gerais”, publicado em 1983.
Nele, vários aspectos foram identificados:
Minas Gerais importava, principalmente de São Paulo, 50% da aguardente que consumia;
Praticamente, a totalidade das fábricas de cachaça, em número estimado em mil e quinhentas, era artesanal e de pequeno porte;
A tecnologia achava-se estagnada, devido ao preconceito reinante: “Quanto mais suja a fábrica melhor o produto”;
Os produtores tradicionais, que estavam tendo uma boa lucratividade, resistiam ao aprimoramento tecnológico;
O setor era desorganizado, sem nenhuma entidade representativa;
A fabricação da cachaça artesanal de alambique apresentava baixa produtividade agrícola e industrial, quando comparada com a produção em larga escala das aguardentes industriais, destiladas em colunas de destilação contínua em aço inox;
Iniciava no Estado um movimento crescente de passagem da cachaça artesanal de alambique, de melhor qualidade, para a industrial, de maior produtividade e menor custo;
Já havia um mercado específico para a cachaça artesanal, com fermentação natural e destilação em alambique de cobre, tendo a preferência de consumidores mais exigentes em qualidade;
Normalmente, grande parte desses apreciadores da cachaça de alambique comprava o produto diretamente da fábrica;
Dentro desta conjuntura várias ações foram tomadas no sentido do aprimoramento tecnológico e da valorização mercadológica da cachaça artesanal mineira de alambique. Detalhes dessas ações serão evidenciados em nova publicação.