José Carlos Ribeiro é Engenheiro Agrônomo e Mestre em Economia Rural. Foi responsável pelo Programa de Valorização da Cachaça em Minas Gerais e a partir do ano 1982, deu início aos trabalhos para criação da AMPAQ. Merece destaque na sua iniciativa em 1990 na implantação do Programa de Garantia de Qualidade da Cachaça Mineira-Selo de Garantia AMPAQ e em 1995 na implantação dos Cursos de Produção de Cachaça de Qualidade. Deu início em Minas Gerais a uma nova era na implantação de novas fabricas de cachaça, onde o empirismo foi substituído pela elaboração de projetos técnicos com elevado nível de embasamento tecnológico.
O modelo de projeto da cachaça Artesanal de alambique, em sua essência, já se achava estabelecido, quando iniciamos nos trabalhos do Programa de Valorização da Cachaça de Qualidade em Minas Gerais.
A sua estrutura baseia-se nas disponibilidades e peculiaridades dos fatores de produção e nas tradições do processo de fabricação transmitidas através das gerações, a partir do século XVII.
Muitos eram os preconceitos, arraigados tanto nos produtores quanto nos consumidores.
Do lado dos produtores o mais prejudicial ao aprimoramento tecnológico era: “Quanto mais suja a fábrica melhor o produto”.
Depois de uma assistência tecnológica, que introduziu modificações na locação dos projetos, procurando um ambiente mais adequado para a sanidade do processo fabricação, práticas de higiene foram adotadas. A adequação dos equipamentos, das instalações e as melhorias de tecnologia fomentadas na indústria e no cultivo da cana-de-açúcar, resultaram no aprimoramento da qualidade da cachaça e na elevação da produtividade de seu processo produtivo.
Visualizando o passado, quando as fábricas tinham acesso a vários tipos de animais, domésticos e silvestres, onde uns apreciavam o caldo de cana fermentado em um ambiente onde a sujeira era reinante, assinalam esses tempos como a “Era do Gambá”.
É importante salientar que apenas Minas Gerais tinha preservada uma massa crítica de fábricas artesanais, que por baixo de seus inconvenientes expostos, “como uma lona preta encobrindo um pântano fedorento”, escondia a tecnologia do artesanal.
Minha projeção para o futuro, a partir de 2020, baseia-se na tradição mineira de micro e pequenos projetos, ampliando a oportunidade de investimento para um grande número de ruralistas, com marcas de cachaça individuais, que atenderiam à demanda dos mercados locais e regionais. As marcas seriam individuais, desenvolvidas por produtores autônomos, com marketing coletivo como: feiras, festivais, cursos, encontros, concursos, associações, academias, confrarias e entidades que ligadas à promoção da cachaça artesanal de alambique pudessem alavancar o turismo local e regional.
Nestes eventos, cada produtor desenvolveria sua criatividade, com vários tipos de bebidas mistas e drinques, em harmonia com a culinária regional.