Com cinco mil fabricante de aguardente, o maior setor de microempresas do Estado, e com capacidade para mais de dois mil projetos de fábricas, Minas Gerais não lidera a produção nacional da famosa ” branquinha”, mas produz 110 milhões de litros por ano, e quer consolidar como um polo turístico, oferecendo vários roteiros da cachaça e promovendo festivais e feiras por todos os cantos do Estado.
Para consolidar a posição mineira com melhor e maior produtora de aguardente do país, diversas entidades se juntaram e vem realizando vários encontros regionais e recursos para os produtores se organizar em associações e cooperativas em todo o Estado, na expectativa de falar a ” mesma língua”, ou assimilar novas tecnologias sempre com a preocupação de melhorar a produtividade e a qualidade de um produto, cuja tecnologia Minas já exporta.
Dentro desse espírito, realizou-se no último dia 9 o 1º encontro Regional de Aguardente, em Passos, Sul de Minas, com a participação do serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de Minas Gerais (Sebrae MG), Instituto de Desenvolvimento Industrial de Minas Gerais (INDI), Associação dos Produtores de Aguardente de Qualidade (AMPAQ) e do Programa Mineiro de Incentivo à Produção de Aguardente (Pró Cachaça). O próximo já está programado para o dia 17 de setembro, em Conceição do Mato Dentro.
O objetivo desses encontros, segundo o diretor de Promoções e Eventos da AMPAQ , Valter Caetano Pinto, é a conscientização e qualidade, ou seja, mobilizar os produtores de aguardente para discutir em cada região do estado e resolver o principal problema do setor que é a clandestinidade. Na maioria das vezes o produtor não vende o seu produto, ficando assim nas mãos do atravessador.
Consumo – Minas Gerais consome em torno de 170 milhões de litros de aguardente por ano produz apenas 110 milhões. Mas o setor tomou impulso a partir do estudo Setorial da Aguardente iniciada em 1982, e que lançou o programa de Desenvolvimento da Qualidade em Minas Gerais, e ganhou mais de um impulso como programa Mineiro de Incentivo à Produção de Aguardente (Pró Cachaça) regulamentado em 1993.
O secretário executivo do Pró Cachaça, engenheiro agronômo do INDI, José Carlos Gomes Machado Ribeiro, que aborda o tema ” Desenvolvimento do Setor de Aguardente de Qualidade de Minas Gerais e suas Perspectivas”, no I Encontro de Aguardente de Passos, lembrou que o setor era marginalizado, não tinha assistência governamental e se restringia à produção e consumo.
A partir de 1982 com trabalho do INDI, que deu apoio para a criação da AMPAQ, o setor saiu da marginalidade. De 1.500 as fábricas existem hoje 5.500 e a produção passou de 45 milhões para 110 milhões de litros. A bebida que era consumida com certo preconceito passou a ser orgulho do mineiro.
” O programa já trouxe grandes resultados e o maior e até surpreendente a mudança do gosto do consumidor. Um trabalho, que costuma durar 30 anos, foi conseguido em apenas 10 anos”. Hoje o setor de aguardente tornou-se um dos mais lucrativos e dinâmicos, em termos de agroindústria para pequenos investimentos.
O setor fatura por ano U$ 200 milhões emprega 100 mil pessoas diretamente. Mas, até hoje, por razões de estímulo, 90% atua de forma clandestina, no mercado informal. A partir do programa do INDI e AMPAQ houve interesse dos produtores de legalizar a produção, mas o apoio governamental ainda pequeno precisa ser incrementado. O setor precisa ainda organizar a produção e a comercialização através de engarrafadoras regionais e melhorar a qualidade através do programa de garantia da qualidade da AMPAQ e facilitar o registro das fábricas no Ministério da Agricultura.
Concluindo, o técnico do INDI afirmou que o setor com apoio de órgãos de fomento, pesquisa e assistência técnica deverá em breve ser mais organizado do Estado, Face ao grande interesse que vem despertando e ainda devido a sua ligação com o turismo, aliando a comida típica mineira com a Cachaça mineira, comprovadamente a melhor do país. E salienta, em breve, meninas se consolidará com ” a terra da aguardente de qualidade”, com grandes perspectivas de exportação
Cooperativas, a solução.
Embora Minas Gerais já esteja exportando tecnologia, os produtores ainda precisam de muita orientação. ” por isso, a importância dos encontros regionais que discutem justamente como avançar”, salienta Valter Caetano. O segredo do Sucesso em Minas pode ser explicado pelo método das pequenas fábricas de aguardente. E o objetivo é mobilizar Os Pequenos produtores e agregados em cooperativas. Os encontros querem, justamente, formar núcleo de associações para depois chegar às cooperativas. A AMPAQ já formou a cooperativa do Serro e está trabalhando agora com produtores de Januária.
Já o presidente do Conselho Diretor do Pró Cachaça, Eduardo Antônio P. Campelo, lembrou que o cooperativismo é a mola mestre para modernização da produção e comercialização da aguardente, salientando que o apoio governamental é importante para a organização do setor. Para desenvolver ações de pesquisa, promoção do produto e melhoria da capacidade gerencial.
” O Pró Cachaça tem difundido muito a ideia da associação, do condomínio ou da cooperativa, para que o produtor tenha força no mercado, consiga impor seu preço e seja capaz de defender do intermediário e ser incorporado a produtividade formal.” Além disso, Eduardo Campelo, lembra que através do cooperativismo o produtor consegue isenção Fiscal, eliminação de registro, podendo operar apenas com registro do produtor rural. E claro, acrescenta, através de um programa amplo e cooperativismo, poderá chegar aos financiamentos.
Diário do Comércio 09/ 94