A cachaça está dando a volta por cima. Dentro de poucos dias, o Governador Hélio Garcia vai regulamentar a lei nº 10.853,de agosto de 1982, que cria o programa Mineiro de incentivo à produção de aguardente (Pró Cachaça). O objetivo do programa é agilizar a produção de aguardente no Estado, garantindo a produção de alguns benefícios. Dessa maneira, o engenheiro agrônomo do Instituto de Desenvolvimento Industrial de Minas Gerais, José Carlos Gomes Ribeiro, acredita que a tendência é de que o produto saia cada vez mais da marginalidade.
Ribeiro estima que, Dentro de quatro anos, o estado já consiga ser autossuficiente na produção de aguardente passa exportado produto. Segundo ele, a possibilidade de concretizar exportações é limitada, especialmente para países frios. Há cerca de um mês por exemplo, uma distribuidora carioca consultou a Associação Mineira de Produtores de Aguardente de Qualidade (AMPAQ), sobre a possibilidade dos produtores fornecerem um milhão de litros por mês do produto.
Entretanto, como o estado não consegue nem mesmo abastecer o mercado interno, não foi possível a concretização do negócio. Minas Gerais produz anualmente 100 milhões de litros de aguardente – apenas 0,23% da produção nacional – contra uma demanda de 160 milhões de litros. O litro é comercializado, em média, por US$ 2 (Cr$ 20 mil).
O maior produtor de aguardente, atualmente, é o estado de São Paulo, responsável por 60% de 1,3 bilhão de litros produzidos anualmente. O Paraguai é o grande importador do produto brasileiro, comprando cerca de 75% dos três milhões de litros exportados por ano.
Jornal do Brasil 06/92