Aguardente Mineira Lidera Mercado Nacional

Num horizonte de cinco anos, o setor de aguardente de qualidade do Estado alcançará tanta representatividade quanto os de café, leite e carne. Essa otimista previsão é feita por quem de fato entende do assunto. Especialistas em cachaça mineira desde que, em 1982, realizou um estudo no INDI sobre o setor até então marginalizado econômica e socialmente -, José Carlos Machado Ribeiro ostenta hoje o título de presidente da Comissão de Estudos de Aguardente da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Ou seja, lidera o grupo que vai definir diretrizes para controle de qualidade de toda a cachaça produzida no país.

O estudo realizado pelo INDI foi essencial e arrancada da cachaça mineira rumo a profissionalização. Em 1988, foi criada, com apoio do INDI, a AMPAQ (hoje com 50 Associados e mais de dez ” a caminho”) e a cachaça Arraial Velho, que reúne sobre mesmo rótulo e a partir de um rígido controle de qualidade, a produção de vários pequenos alambiques artesanais mineiros.

De 1982 para cá, Machado Ribeiro estima que foram implantados aproximadamente mil novos alambiques em Minas. O consumo per capita no Estado, antes de 10 litros por ano, cresceu 12, nas contas do técnico, que ressalta o processo de valorização da cachaça como bebida brasileira e, especialmente, mineira, ” antes, o indivíduo que chegava a um restaurante e pedia a cachaça era visto de maneira preconceituosa inclusive pelo garçom; hoje jovens, de todos os níveis, apreciam a bebida”.

Se tiver apoio, Machado Ribeiro e AMPAQ querem também desenvolver um processo de associação entre a cachaça mineira e a atividade turística no Estado, pois, segundo ele, Minas produz a melhor aguardente do país. ” Cerca de 80% da renda da Escócia vem do Whisky, se diminuir a fabricação clandestina e montarmos uma estrutura de comercialização adequada, porque não podemos transformar nossa cachaça artesanal de boa qualidade em um importante fonte geradora de riqueza?” salienta o técnico.

Jornal Paralelo do Sul
05/92

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